Poesia - Declínio do pensamento

 

Declínio do pensamento

Declínio do pensamento é inconstante
Minha rima vem como avalanche
Descendo as montanhas e não há quem contraponha
Que num país onde ser honesto é uma vergonha
Dona cegonha vem fazendo suas entregas
A partir dos doze,
Quem dera sonho fosse,
Ver os moleques de hoje
Vindo aqui, indo ali
Buscar o açúcar só pra fazer o doce
A princesa aqui virou gata-borralheira
E não nega suas origens patriarcais
Desceu de seu castelo de marfim
Subiu o morro afim de uma carreira
Sonha ainda com mais status e fama
Quem sabe em ser a dama,
Sim, a primeira do morro
Noutro canto,
Um homem que acredita no santo
Comete o ato em busca do sustento
Para dar ao seu rebento,
No sereno, uma alma pede socorro
E o choro de mais uma Maria, Josefa, Cida...
Clama por justiça
"Vermes de capuz e distintivo ceifaram mais uma vida"
Ver isso constantemente nos causa muita mágoa
E num mar de ilusões e corrupção
Cachoeira é só uma gota d’água
Mas se da lama, nascem os diamantes
Nossas chances
De não vivermos nessa situação
São sempre maiores
E nossos sonhos de dias melhores
Diz a caixa de ilusão
São sempre menores
Nessa condição, reflete o ancião
Quem sonha acordado sonha em vão
É preciso mais que pés no chão
E eu não, to aqui pra dar sermão
Você acredita no que quiser Jão
Quem te dá o circo te nega o pão.

Fernandes Oliveira

Um comentário:

  1. Bonito texto, Nandho! Reflexivo, oportuno. Vc não deu sermão, vc deu o recado!
    Bjs, amigo!

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