
Tirando as peculiaridades da data e suas possíveis e prováveis intenções políticas, devemos reverenciar este que, sem dúvida, é um dos maiores autores e poetas da literatura mundial. Seu poema épico Os Lusíadas, por si só, já é uma obra-prima da literatura portuguesa por trazer 1102 estrofes somando-se um total de 8816 versos decassílabos.
E ao fazer uma rápida busca na internet encontrei um vídeo e matéria de adaptações do texto de Camões cantado em Rap sendo apresentado e efusivamente aplaudido e não pude deixar de publicar como minha homenagem, sobretudo, ao grande autor.
O tempo acaba o ano, o mês e a hora
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Em prisões baixas fui um tempo atado,
vergonhoso castigo de meus erros;
inda agora arrojando levo os ferros
que a Morte, a meu pesar, tem já quebrado.
Sacrifiquei a vida a meu cuidado,
que Amor não quer cordeiros, nem bezerros;
vi mágoas, vi misérias, vi desterros:
parece me que estava assi ordenado.
Contentei me com pouco, conhecendo
que era o contentamento vergonhoso,
só por ver que cousa era viver ledo.
Mas minha estrela, que eu já'gora entendo,
a Morte cega, e o Caso duvidoso,
me fizeram de gostos haver medo.
Luis de Camões
Gisela Cañamero, performer da Companhia Arte Pública de Beja "A peça conta com 17 poemas, 16 dos quais são sonetos cantados, e as duas estrofes iniciais de Os Lusíadas que contam com um refrão que é uma contaminação com uma canção de General D", revela orgulhosa, enquanto explica que "não foi feito qualquer esforço para rimar. A métrica dos poemas adaptam-se bem".
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