Poesia - AOS QUE ME JULGAM POETA

aos que me julgam poeta
e de tudo falar acham-me capaz
venho no entrosar das palavras
dizer o que não disse atrás

se antes sem compromisso
aos pares sempre poetizara
e ocultava todos os motivos
talvez a inspiração não fosse rara

já lhes disse _ não há razões
nas tantas rimas já feitas
se espero não mais que tudo
mas a tudo este ser não se sujeita

nem sempre há palavras
para traduzir o que se quer
por mais belo o verso seja
não chega ao agrado daquela mulher

"" a idéia que muitas vezes
te deixa em lágrima imerso
brota de onde?
Diga-nos em mais um verso.""

de onde brota?não sei
nem de onde é oriunda
há dias que a mente
não se mostra tão fecunda

de tudo que não disse
tenho grande remorso
mas se grande foi a vontade
assim não foi meu esforço

uso frases repetidas
versejo sobre o repente
as palavras são incertas
para dizer o que se sente

hoje nem tudo é belo
nem tudo é verdade
por pobre que seja
do passado sinto saudade

tempo que liberdade
mais eu tinha
e muito falava
sobre o que me convinha

agora compromissos
novos deveres
medo do seguinte
medo dos alheios dizeres

gente a implorar
querendo mais
e eu desejoso a escrever
enfim somos iguais

"cadê o sentido
e a simplicidade?
Se disseste o contrário
nada era verdade?"

A dizer o contrário
tenho lembrança,
mas a mente explicando
logo se cansa

"dizia ter repulsa
a todo metricismo
hoje mais que abusa
do belo, do eufemismo"

quero verso bem escrito
feito com calma e paz,
mas não sou qual o jogador1
que guarda na manga um às

Poxa! O que querem
que mais eu faça?
Se muito já feito
causa escárnio, dúvida, e graça....

Fernandes Oliveira em setembro de 2000